domingo, 22 de julho de 2012

Sentir

"Vamos embora logo, não tenho nada pra levar. A não ser nosso destino."
Leo Cavalcanti

Provavelmente este será o último post desse blog. Bom, deixe-me frisar o "provavelmente", porque as vezes minhas ideias se confundem, e aí já viu né.
Antes de tudo eu queria esclarecer algumas coisas... Não é porque eu vou parar de escrever aqui, que eu tenha resolvido minha vida, pelo contrário. Meu quarto continua uma bagunça, eu continuo contradizendo minhas ideias e ideologias, continuo não sendo muito boa em expressar sentimentos, continuo tropeçando e deixando marcas roxas pelo corpo, continuo comendo para tentar preencher um vazio que vai além do estômago, e continuo conversando com o céu no meio da madrugada. Mas alguma coisa mudou em mim. Talvez eu tenha entendido o quanto é bom viver os dois lados. O quanto é bom se contradizer, e experimentar tudo do bom e do ruim. "Sentir" é a palavra correta pra definir o porquê da nossa existência. Perder e ganhar deixa de ser relevante quando não se sente mais nada. E é isso que me motivou a deixar de escrever aqui.
Esse blog está carregado de sentimento em cada linha que eu escrevi. Como se fosse uma nuvem cheia de letrinhas. E agora, meu caro leitor, chegou a hora de chover e de transformar todo esse sentimento carregado, em água. Explicando de um jeito mais fácil, é como se fosse uma camiseta que a gente adora, onde de repente você veste e vê que ela já não te serve mais. Não é que a gente não goste mais da camiseta, é só que a gente precisa de uma camiseta nova em um número maior.
E eu preciso disso. Não só na questão de escrever, mas sim em todas as questões da minha vida. Eu preciso aceitar o fato de que certas coisas não me cabem mais, e começar a procurar o que me completa. Procurar o que me faz sentir.
Há vários dias venho tentando expressar o que tenho vivido e os sentimentos que tenho sentido. E de uma forma estranha, eu não consegui. Então eu pensei: Não é que eu não esteja vivendo, porque eu estou. Não é porque não há nenhum sentimento, por que há, e muitos. Um turbilhão de sentimentos que parecem que vão explodir à cada minuto. Eu só devo estar me expressando da forma errada. Vai ver que escrever sobre o que eu sinto, não me complete mais. Quem sabe então eu possa fazer um bolo? Ou pintar a parede? Ou aprender a cantar mantras? Seilá, qualquer coisa que me faça sentir é válido. Eu só quero deixar minha marca no universo. Uma forma de fazer alguém me ouvir, seja um amigo, seja um estranho, seja meu gato, ou seja Deus.
E para sentir é necessário agir. Tudo depende apenas do querer, do poder e do precisar. Eu quero, eu posso e eu preciso sentir que estou viva. E mudando pequenos detalhes de lugar, arrumando todas as gavetas passadas, tirando o pó de velhos assuntos esquecidos, a gente consegue dar um jeitinho nas coisas. Guardando somente o necessário, não mais do que o que ficou de bom. Porque as mágoas só empoleiram nossos sapatos.
Queria deixar claro o tamanho dos meus sentimentos que me impedem de agir, e do apego às coisas que eu vou ter que deixar para trás. Não é nada fácil. A gente se acostuma com a rotina, e se alimenta de tristeza. Levantar da cama nesses casos, é uma árdua tarefa que eu ainda tenho que enfrentar todos os dias.
Mas se tem uma coisa que também mudou na minha evolução como ser, durante o período desse blog, foi a minha fé. Minha fé em Deus, minha fé no amor, minha fé nas pessoas, e minha fé em mim mesma. Apesar de estar saindo machucada em vários aspectos, agora eu creio que existe sim, esse lado onde as coisas deixam de parecer surreais. Onde tudo para, só para você ser feliz.
Hoje uma pessoa que eu só conheço de "oi tudo bem" olhou pra mim do nada e me disse "Quer felicidade Karina? Olhe para o que é real." E isso me caiu como uma bomba, que desmoronou todos os meus dogmas, e abriu meu coração. Isso me fez sentir. De novo.
E agora eu me sinto mais que pronta para colocar o último ponto final em várias coisas da minha vida, inclusive neste blog. Não vou parar de escrever, jamais. Só quero um jeito mais adequado de ordenar meus pensamentos, e nada como um blog novo, cheirando a tinta fresca, para estimular a imaginação. E não, a pessoa bipolar não morreu dentro de mim, ela continua aqui com suas várias facetas e dramas, que estimulam minha troca de humor repentina. Ela só está mais pensativa, mais calma, mais observadora. Percebendo que a alegria eufórica e a tristeza profunda se completam, e a deixam muito mais equilibrada para seguir em frente.

Meu caro leitor (ou talvez ninguém), muito obrigada por compartilhar comigo cada sentimento momentâneo, e cada momento sentido. Aqui ficará guardada para sempre o âmago da vida de uma Pessoa Bipolar.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Mas fiquei calado

Estação de trem Palmeiras Barra Funda, um dos maiores lugares de aglomeração em horário de pico. Sendo mais especifico eram exatamente 18 horas. Tanta gente voltando do trabalho, todos loucos pra chegar em casa e esticar as pernas no sofá, comer arroz feijão e bife e assistir a novela das 9. Ansiosos eles correm, e correm e correm. Não sei porque tanto correm, mas enfim. A multidão apressadinha se espreme para entrar em cada trem que chega, e estressados pela rotina de dormir menos de 6 horas por noite, acabam perdendo o controle em certas situações, empurrando os outros, ou xingando quem os empurra. A culpa sempre é do outro não é mesmo? Mas vamos ao foco da história. São Paulo é uma cidade conhecida pela diversidade, e numa cidade assim podemos encontrar certas figuras, por assim dizer, um pouco peculiares. Nessa mesma estação encontrava-se um rapaz com seus vinte e poucos, que carregava três balões. Um com a letra S, outro com a letra L e um balão somente amarelo. O rapaz andava engraçado, cheio de pose. Sem contar que usava um bigode a lá anos 50. Senti vontade de me aproximar e perguntar para onde ia com aqueles balões, e se tinha certeza de que os balões iriam sobreviver à aquele trem lotado, e o porquê daquele bigodinho esquisito. Mas fiquei calado. Logo atrás do rapaz vinha uma quarentona, muito bem conservada. E a cada passo que dava, um homem virava a cabeça para dar "aquela olhada". Ela estava de salto, saia preta e uma bela blusa que não indicava que aquela mulher andava de trem. Mas tinha alguma coisa errada com aquela mulher, ela estava usando óculos escuros, e já havia escurecido, fora que hoje nem havia feito sol. Cega ela não poderia ser, andava confiante demais. Tive vontade de perguntar se usava óculos apenas por moda, ou se havia chorado e ficado com os olhos vermelhos, ou até se tinha fumado uma marola e precisava disfarçar. Mas vai que ela se sente ofendida. Fiquei calado. Um novo trem chegou na estação, e mais uma manada de gente correu para dentro dele como se fosse um trem com destino ao céu. No meio disso avistei uma menina, que devia ter no máximo 13 anos. A pobresinha estava chorando, mas não chorava mais como criança, chorava como moça. Com um jeitinho calado, limpava com a manga da blusa as lágrimas que escorriam sem parar pelo seu rosto. Pensei em perguntar se estava perdida, ou se havia se machucado, ou poderia estar apenas triste. Muitas pessoas choram apenas pela tristeza de não terem o porquê chorar. Mas fiquei calado. Vai que ela comece a chorar mais ainda. Estava ficando cansado de ficar ali em pé, os anos não foram muito gentis com a minha coluna. E logo a estação já estaria vazia, o horário de pico já havia passado, então caminhei até a escada rolante, e enquanto isso, vi o trem das 20 horas partir. Quando saí da estação, vi que o jornaleiro que tem uma banca em frente da estação, me encarava. Acenei com a cabeça por educação, mas fiquei confuso, nunca havia conversado com aquele homem, nem ao menos tinha comprado um jornal ou um bilhete do jogo do bicho. Continuei a caminhar, mas quando estava quase deixando a banca de jornal para trás, o homem falou "O senhor passa sempre por aqui neste horário, e quando entro na estação, noto que o senhor fica sempre parado no mesmo lugar, sempre calado e tão observador. Me perguntava se o senhor esperava alguém, ou se o senhor era algum tipo de pedófilo, ou só se gostava de trens. Fiquei sempre calado, óbvio. O senhor iria me achar um louco, como deve estar achando agora. Mas desculpe-me, a curiosidade foi maior." Enquanto o jornaleiro falava, parei e o analisei. Devia ter uns 50 anos, usava aliança, vestia-se como um pai de família deve se vestir. Tinha alguma olheiras, e carregava um exemplar de Jorge Amado nas mãos. Aparentava ser um bom homem. Mas que história era aquela de ficar reparando nas pessoas, e ainda por cima fazendo perguntas indiscretas? Após ver que eu não iria dizer nada diante daquele comentário que fizera, ele insistiu: "E então senhor, por que o senhor todos os dias vem a estação e fica somente parado, olhando para a multidão?" Por fim respondi o jornaleiro: "Ora... mas que audácia do senhor, senhor jornaleiro! Todos tem o direito de vir à estação, seja lá qual for o motivo. Uns vem para trabalhar vendendo bala, a maioria vem somente para pegar o trem e irem aos seus respectivos destinos, outros vem somente para usar o banheiro, vi gente até que vem para roubar. Eu gosto de observar. Venho então, para observar. Mas que audácia!" Vê se eu posso com isso? Fiquei com vontade de perguntar porque o jornaleiro era tão indiscreto, será que sua vida não era interessante o bastante, ou será tinha alguma doença que o fazia falar tudo que pensa, ou até se era escritor e precisava de boas histórias para escrever. Mas aí fiquei calado. Vai que eu pego essa mania de indiscrição... ficar observando as pessoas que passam vá lá, mas xeretar a vida delas, aí já é demais. Mas isso tem um motivo, como eu disse, São Paulo é uma cidade que podemos encontrar certas figuras, por assim dizer, um pouco peculiares.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Para a satisfação de todos, uma pequena degustação da minha dor

É tão real essa dor uivando no ouvido da alma, tão palpável essa sensação de incredulidade. Uma doença irremediável. Como se esse aperto aqui no peito fosse me sufocando aos poucos. Como se a qualquer momento esse aperto vá me arrancar uma lágrima dos olhos. Como se o ar não fosse mais suficiente, como se as possibilidades não fossem aceitáveis. Como se ter você fosse a última alternativa de ter um solo seguro onde ficar. Como se a saída de emergência na cabine do avião não fosse mais necessária, porque agora todos os passageiros já estão mortos.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Desesperança

É fato que a covardia só existe a custo de uma súbita coragem de ser covarde. Que a fraqueza existe apenas  pela tentativa frustrada de ser forte. Que a luz não seria nada sem a escuridão. E até mesmo o próprio "nada" existe apenas por uma inexistência do tudo.
Então se tudo tem um porquê, se tudo se resolve tão fácil em poucas linhas, por que o ser humano ainda insiste em dar contínuas cabeçadas na parede, procurando uma resposta que já foi explicada? Fácil, porque tudo na teoria é mais simples. O viver, o sentir, sempre será a etapa mais dolorosa e complicada de nossas curtas existências.
Sentir-se covarde por ser fraco, e não enxergar nada além de escuridão em seu coração vazio, é existir.
Pois isso dói. E é a prova mais concreta de que estamos vivos, e de que somos fortes e corajosos apenas por enfrentar essa dor. Sentir é existir.
E nos casos mais graves de ausência de existência, podemos recorrer ao elo que nos une e nos move rumo ao desconhecido. Pois a desesperança é o caminho até Deus.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Nossos Detalhes

No dia mais bonito, a grama. Na banda mais bonita, nossa música. No filme mais bonito, teu sofá. Nos olhos claros mais bonitos, meu amor.
Minha frieza, teu coração machucado, duas realidades impossíveis de brotar um novo amor. Minha esperança cega, tua incredulidade em ti mesmo, ainda assim insistimos em não desistirmos. Minha entrega sem palavras ao amor, teu jeito bobo de entregar teu coração em minha mão. Meu cabelo, teus ossos, pequenos incômodos atribuídos apenas por quem sente. Meu silêncio repentino, tua compulsividade por falar. Meu castelo onde brinco de viver, tua muralha em que escondes tuas lágrimas, agora um ao lado do outro. Minhas músicas, tuas piadas. O nome de meu pai, tua imbecilidade no ano anterior, duas ironias do destino. Minha completa confusão, teu jeito alvoroçado de esperar por minha decisão. Meu um metro e cinquenta, teu um metro e oitenta. Minhas perdas inesperadas, tua experiência de quase-morte. Minha mão sempre quente, tua mão sempre gélida, agora as duas juntas a ficarem mornas. Meu amor tímido e sempre guardado, teu amor sem-vergonha e sempre escancarado. Meus problemas complicados, tua vida difícil, um usando o outro como motivo para sorrir. Minha mordida em teus lábios, teus cabelos bagunçados em meus dedos. Minhas mentiras (nem sempre bem-sucedidas) para fugir contigo, tuas noites passadas no sereno e no frio para falar comigo, e tudo mesmo assim valeu a pena. Minha amiga perdida, teu celular roubado.Minha maneira de deixar a vida me guiar, tua mania minuciosa de se preocupar com tudo. Meu jeito de surpreender, teu jeito de me superar, me surpreendendo mais ainda. Meu sussurro perguntando se tu está feliz, teu grito pedindo a música "se eu corro". Meu sorriso pro nada, teu olhar fixo em mim, os dois pelo mesmo motivo. Meu Cleber, tua Karina.
Nossos detalhes. Nossa vida. Nosso amor.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Pequenos Prazeres da Vida


Sentir seus dedos enrugados depois do banho. Colocar a mão dentro do saco de farinha de trigo, e apertar a farinha. Destampar o ouvido quando se desce a serra. Acordar no meio da madrugada com muita sede e tomar um copo d'água. Comer aquela barra de chocolate escondido. Sentir sua perna parar de formigar. Abrir a janela e sentir o cheiro de chuva e ar fresco. Mastigar a tampa da caneta. Colocar a mão pra fora do carro e sentir o vento. O relógio despertar as 6 da manhã, e você descobrir que é domingo e pode voltar a dormir. Andar por uma subida enorme, e ver que ela já acabou. Ouvir uma música, tampar e destampar o ouvido com as mãos. Fazer uma piada e ver que todos deram risada. Ver que aqueles 5 minutinhos para ir embora acabaram. Estar na sala assistindo tv, e sentir aquele cheiro de banho vindo do banheiro. Desabar em lágrimas quando não se consegue mais segurar o choro. Dar aquele cochilo quando se acaba de comer. Andar descalço no calor, e sentir o chão gelado. Ficar sentado no solzinho quente, no meio do mês de julho. Sentir aquele arrepio quando alguém passa a mão na sua nuca. Estar gripado, e sentir que seu nariz destampou e você pode respirar normalmente. Sentir o friozinho na barriga quando o carro faz uma descida inesperada. Perceber que seu pé não está mais gelado, e que agora você já consegue dormir. Sentir o cheiro do alho e da cebola queimando na manteiga. Olhar para o céu e ver uma estrela cadente. Ir dormir pensando: amanhã eu não tenho nada pra fazer, então posso dormir até tarde. Sentir aquele nó no peito, e poder conversar com alguém. Morder uma maçã e ouvir aquele “crack”. Sentir a beirinha do mar, e a areia afundando em baixo dos seus pés. E naquela hora em que você mais precisa, receber um abraço inesperado.
Coisas da vida tão simples e pessoais que merecem seu valor.

História insignificante de uma vida significante


A vida das pessoas que não amamos, por mais insignificantes que elas possam nos parecer, tem o seu valor atribuído a quem os amam. Isso me faz lembrar da vez que passei a tarde inteira com a vovó me mostrando fotos de mil novecentos e bolinha. Do tempo que ela tinha um corpão, e aquele maiô de bolinhas estava na moda. To tempo das fotos em preto e branco, e daquelas caixinhas pequenas que tem uma lupa e uma foto ao fundo bem pequenininha, conhecidas por binóculos pelos mais velhos. Enfim, do tempo em que restam muitas histórias, e apenas poucos para conta-las.
- Essa daqui era minha irmã Isabel, que Deus a tenha. Pobresinha sofreu tanto. E esse aqui ao lado era o marido dela, ele morreu num acidente. Na época a Isabel estava grávida de dois meninos, a coitada ficou tão mal, que perdeu os bebês. Ela ficou deprimida, mas como naquele tempo essas coisas não existiam, ninguém entendia, e começaram a chamar de louca. Mas graças ao bom Deus, ela conseguiu casar de novo. O homem era trabalhador, carinhoso e a amava. O problema é que ele não podia ter filhos, mas Isabel já não ligava mais pra isso. Deixa eu ver, eu me casei em 48, então o segundo marido dela deve ter morrido em 47. Ele tinha um problema em não sei qual lugar da barriga, então ele foi operar, e não é que furaram o rim do homem? Pobre Isabel, nunca teve sorte na vida. Deis de pequena, sempre foi a mais esquálida, a mais magrinha, com uma cara sempre de quem tinha visto um fantasma. Parece que adivinhou que a vida não lhe reservara os melhores lugares para o espetáculo. Ela morreu um pouco antes de você nascer. Dizem que morreu daquela doença horrível, o câncer. Mas eu acredito que tenha morrido mesmo é de solidão
-Nossa!
Vovó me contou histórias como essa a tarde inteira. Ficou chorosa e nostálgica. E eu só fiz ouvir. E pensar. A vida de ninguém é insignificante, a vida só é resumida demais. Será mesmo que Isabel nunca fora feliz? E se ela fosse muito mais feliz sozinha? E se ela nunca tivesse desejado ser mãe? E se ela gostasse de ter aquela cara esquálida? Uma mesma história pode ser contada por vários ângulos. E a única história que pode ser considerada verídica por seu único ângulo, é aquela que você pode sentir com a pontas dos dedos, aquela que você vai saber o começo e o fim minunciosamente. A sua. Só essa vai ter sua significância e seu significado. O jeito como todos os outros a interpretam, não vai passar de uma histórinha contada de boca em boca, em tardes de sol.

Exagerando na dose de Otimismo

O importante mesmo é aproveitar. Exatamente isso, de tudo tirar um proveito, tirar um pouco de doçura a cada hora do dia. O importante é o clichê, que todo mundo vê, mas parece ignorar. O importe é ser feliz. O importante é amar. E acho que se as pessoas dessem mais valor à esse clichê, o mundo seria um lugar bem mais legal.
Eu quero pintar um mundo. Cores, eu quero as cores. Eu quero o lado criança de tudo. Eu quero a cobertura quente de chocolate da vida. Eu quero ver as nuvens passarem na minha janela. Eu quero gente viva. Eu quero você sorrindo. Quero que você aproveite pelo menos os próximos 5 segundos como se fossem não os últimos, mas sim os primeiros. Que você respire fundo, chore um pouquinho, dance e cante como se a vida fosse um musical, saltite como se voltasse a ter 7 anos. Quero que você saia correndo, atrasado, cansado e com sono, e mesmo assim olhe para o céu. Quero que o mundo inteiro cante um mantra em uníssono. Quero ver você atravessando a rua, como se atravessasse o céu. Quero ter amor, ser feliz e fazer o bem. O resto vem. Amém.

sábado, 28 de abril de 2012

Ne beirinha dos pés

Quem se contenta só com a beirinha do mar? Quem se contenta só com uma mordida na barra de chocolate? Quem se contenta em só olhar?
Tá tão vazio aqui, o piso da cozinha tá frio e aquela mesma música já tá cansada de repetir. O capslock tá desativado já faz semanas e aquele meu perfume que você tanto gostava acabou. O tempo acaba passando amor, e as nossas histórias de tão relembradas, começam a ficar demodê. Hoje eu acabo aquecendo mãos alheias, esvaziando a mente, enterrando os pés na areia, e volta-e-meia acabo pensando na gente. O jeito mais clichê de explicar tudo o que eu tô sentindo, é que isso é só saudade. Mas não é tão simples assim. É como aquela música com a letra e melodia radiantes, mas que sem motivo te dá uma melancolia enorme. É exatamente isso que eu sinto quando eu vejo suas fotos, com os olhos sorrindo para outra. Mas vez ou outra, te pego olhando pra mim também, daquele mesmo jeitinho em que me olhou naquele dia em que a gente só ficou ali, parado na grama e olhando o céu. Mas aí desvia o olhar, e toda a luz do céu e o verde da grama desaparecem. Esse nosso coração confuso que só desabafa quando ninguém mais te olha, quando não tem mais ninguém ali pra te consolar, só nos machuca ainda mais. E apesar dos pesares, eu fico pensando: será mesmo que eu só me contentaria com a beirinha do seu amor?

sábado, 14 de abril de 2012

Irmã de Alma

Passei muito tempo pensando em como escrever esse texto. E por fim, decidi escrever em palavras claras e diretas, sem frescuras ortográficas ou linguagens poéticas.

Um dia me perguntaram quem eu gostaria de ser, se eu não fosse eu. Pensei em gente famosa, pensei em gente rica. Mas aí eu pensei em gente com um bom coração. Então cheguei a conclusão de que eu seria você. Uma menina doce, de personalidade forte e inconstante, com ideias fantasiosas, emoções a flor da pele, espiritualidade e fé elevadas, cheia de paixões fugazes e amores fulminantes, com um enorme mérito de ser uma ótima amiga, um pouco egocêntrica e vulnerável constantemente, encantadora com o seu jeito meigo de conquistar as pessoas, engraçada de uma forma totalmente boba, com um poço profundo de mágoas e tristezas passadas, uma história de vida simples mas que vivida aos detalhes é intensamente interessante, um amor incondicional à família, uma obsessão às coisas mais estranhas possíveis, alguém extremamente importante em muitos corações, e uma pessoa que ainda tem muito o que fazer para tentar organizar o seu quarto e sua vida.
Sim eu seria ela, sem sombra de dúvidas. Mas infelizmente eu não posso ser ela. Ela é só ela, e de mais ninguém. Anda por aí com um sorriso no rosto e uma pose de "quero o mundo". Com um eletromagnetísmo invejável. Caindo aqui, tropeçando ali, vai conquistando o mundo às pressas. Porque para ela tem que ser o tudo ou o nada, e tem que ser agora. E se não for para ser, acha que vai desabar e tudo estará perdido, mas na manhã seguinte vê que ainda consegue abrir os olhos, e já segue em frente.
Como percebi então, que não posso ser ela, decidi ser sua irmã. Mas não irmã de sangue, porque isso é muito pouco e passageiro. E sim sua irmã de alma, como ela mesma diz. Com um amor que vai além do amor mundano, além de só pele e osso, além da vida. Que vai superar todo o ódio, toda a pressão, todo o sofrimento, toda súbita dor que venha a vir. Porque como diz aquela velha frase clichê "o amor nunca morre".

Meu único desejo para você, é que você fique bem, fora isso nada mais importa. Quero você escolha seus próprios caminhos com sabedoria, amor, coragem e calma. Todo o resto é consequência. E que você nunca se esqueça eu estarei aqui para te ajudar, dos momentos mais bobos aos mais difíceis. Porque como eu havia lhe dito, eu não estou aqui para completar sua alma, e sim para ajudar a reconstruí-la.
Eu sinceramente não sei o que seria da minha pessoa, se à oito anos atrás, nossos caminhos não tivessem se cruzado. Eu com certeza seria uma pessoa bem diferente do que sou, e pode ter certeza que assim do jeitinho que está, é bem mais legal. Te agradeço por tudo o que você já fez, tu que já escutou, já me ajudou, já compartilhou, tudo que já sofreu junto, que já deu risada junto, e que já amou junto. E espero que você esteja pronta para me aguentar, por muito mais tempo, porque a gente não se separa tão cedo não, viu?

Parabéns minha Julia Gomes, minha melhor amiga e minha irmã de alma.
Eu te amo demais.

sábado, 24 de março de 2012

Atarantada

Não foi o destino, foi você. Você que me escolheu, que me notou e pintou toda minha essência. Você que por algum motivo perdeu a fala, e que sem ter motivo ficou sem graça. Hoje eu vejo que não é errado amar, é errado fingir amor. Você não fingiu, você suprimiu. E eu atarantada que sou, sempre estive procurando algo que sempre esteve com o olhar fixo em mim. Mas eu resolvi te perceber, e resolvi me acostumar a pensar em você. E de forma literal e poética, você virou meu vício, minha rotina. Minha inconstância emocional, se liga ao fato de quando você me faz sorrir ou não. Meu silêncio se liga a forma de como você reage quando eu passo. Meus olhos te procuram no mar de gente, e te encontram de forma aliviada. Eu realmente estou perdida, ninguém nunca me deu um manual de como-não-ser-uma-idiota-gostando-de-alguém. Me mostra o caminho e me leva pra longe daqui, quero sentir teu corpo, desvendar tua alma. Quero me ver nos teus olhos, quero guardar minhas mágoas e nostalgias no teu peito. Quero escrever teu nome no espelho, quero te ter nas mãos quando não puder ter mais nada. Minha voz nervosa e minhas bochechas avermelhadas deixam explícito isso, é só você reparar. O quão mais atarantada estou, só pelo fato de me apaixonar.

terça-feira, 20 de março de 2012

E ninguém nunca vai perceber sua expressão partida e seu coração vazio.

domingo, 11 de março de 2012

Fatalidade do Destino

E o trem começou a andar. Lentamente deixou a estação passar. Uma paradinha, parece que algo está errado. O trem se dividiu em dois, e uma parte foi pelo lado errado. Agora na contramão o trem luta para parar, o desespero visível, e ninguém para ajudar. As pessoas sacolejando lá dentro, deram-se as mãos. Um outro trem a vista, e na mesma direção. Nada acontece, os segundos passam devagar. Respiração profunda, feita por quem estava para acabar. O outro trem freia mas não há mais tempo, o anseio de vida agora é lento. Quantas histórias serão esquecidas. Muitos irão chorar por aquelas vidas. A fatalidade do destino é horrível de se crer, sonhos são substituídos pelo o único desejo de sobreviver. Que desperdício de tantos olhos a sorrir, porque para eles, agora era o túmulo que estava por vir. Mas outras vidas continuam, o tempo não pode parar, e então novamente, o trem começou a andar.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Posconceito

A velhinha de oitenta anos, aparentemente inofensiva, conversa com espíritos e demônios. O livro com capa bonita, fala sobre morte. O cachorro late não por fome, mas por ânsia de liberdade. A caligrafia feia, é de um ótimo escritor. A menina gordinha zoada pelos colegas, tem uma auto-estima muito maior que a da menina bonita de olhos azuis. A noite estrelada, antecipa uma madrugada cheia de raios e trovões. O rg caído na rua foi propositalmente colocado lá, pela ex namorada do dono. A música que você adora em inglês, tem sua tradução falando sobre armas para elefantes. O homem de trinta e cinco anos e a garota de vinte andando pelo parque, são na verdade pai e filha. A melhor lembrança de um passarinho, é quando sua mãe não o deixa cair em seu primeiro voo. O garoto valentão da terceira série, ainda faz xixi na cama. A lágrima escorrendo, foi causada pela a alegria de um filho sair do coma. A menina por trás deste texto, só gostaria que as pessoas reparassem mais umas nas outras, antes que detalhes aparentemente bobos, ou não, sejam esquecidos pelo tempo.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Reabilitação para tristeza crônica

Voltar a ter frio na barriga por felicidade ou nervosismo, não por medo de perder alguém. Voltar a viver sem ter que pensar que uma hora todos vão embora, cuidar de suas vidas ou de suas mortes. Não agir como se nada mais importa, porque as coisas não tem mais jeito. Ter a alegria de estar vivo sem a maldita projeção de felicidade que bebidas, cigarros e outras drogas podem oferecer. Acreditar em Deus, e que no final exite um paraíso para todos nós. Ter de volta a possibilidade de falar 'estou em paz'. Trazer flores pro jardim, cores pro quarto e amores pra mim. Aprender novas coisas, sem o ócio que insiste em ficar. Recuperar todos aqueles em que eu machuquei. Manter promessas, cumprir acordos. Respirar o cheiro de chuva, e aspirar toda a poluição interna. Voltar a ter coração de criança, uma jovem esperança e a mente adulta. Porque de velho aqui, já basta essa tristeza corroendo todos os órgãos da minha alma.

sábado, 21 de janeiro de 2012

1ª pessoa do singular do Pretérito Imperfeito do Indicativo do verbo querer

Eu queria cortar o cabelo. Sabe, bem curtinho mesmo. Ou até mesmo ficar loira.
Ou só usar delineador e batom vermelho daqui pra frente.
Eu queria usar óculos.
Queria sentir mais. Queria que doesse mais, ardesse mais, esquecesse mais.
Queria pintar as unhas de preto e descascar logo depois. Queria fugir de casa. Queria me apaixonar por um olhar, queria matar por alguém. Queria respirar ar puro, sentar no parque e olhar o tempo.
Queria ler, viajar, ajudar, fazer o bem. Queria foder, beber e machucar alguém.
Queria rir menos, falar menos, me preocupar menos. Queria saber não me importar. Mas ao mesmo tempo queria saber amar.
Queria sair e fingir ser quem eu não sou. Queria esfregar na cara daquele filho da puta, que hoje ele não me merece mais.
Queria expor minhas feridas e chorar. Queria auto-confiança. Queria cadarços novos.
Queria não me importar se os meus conceitos se enquadram. Queria que meus conceitos se enquadrassem.
Queria quebrar a perna. Queria ter um jardim. Queria aprender a perdoar.
Eu queria ter medo de altura, ter medo de monstros. Queria ter coragem pra ser quem eu queria ser.
Queria que as cosias se resolvessem sem a minha decisão. Queria ter uma decisão.
Queria ser mais carinhosa, meiga e sedutora. Queria não gostar do meu jeito infantil.
Queria ser magra. Queria dormir. Queria ser feliz. Queria ser menos clichê.
E acima de tudo, eu queria parar de tanto querer.

(texto escrito 15/09/11 - não postado até hoje por motivos desconhecidos)

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Nosso ciclo

A gente passa a viver de verdade quando começa a não se importar.
Enquanto a gente não se importa, a gente sofre.
E quando não sofremos, a gente ama.
Antes de amar, a gente vive intensamente.
E se não vivemos intensamente, a gente não se importa.

É um ciclo vicioso. E nem tente mudar, você só vai encurtar as partes boas, e alongar as ruins. É, eu sei como é.

Finais tristes

Onde será que tudo aquilo começou?
Se ela não tivesse acordado às 13:42, se tivesse decidido almoçar, se tivesse passado o delineador que todos os dias ela passa, se resolvesse que aquela ideia de correr atrás do amor era uma idiotice, se tivesse só mandado um sms, se eles não tivessem brigado, se eles não tivessem se apaixonado, se ela não decidisse ir à casa dele aquela tarde, se a mãe dela fosse contra o relacionamento deles, se ela se importasse com o seu orgulho, se ela tivesse pego a moeda de 5 centavos que viu no meio da calçada, se ele não estivesse do outro lado da rua, se o cara que estava dirigindo comesse mais um lanche na hora do almoço, se ela tivesse olhado para os lados ao invés de olhar só pra ele...
Ela teria morrido.
Porque se ela não tivesse sido atropelada, não fosse ao médico, não fizesse um chek-up completo, e não tivesse descoberto a doença antes que fosse tarde demais, ela não estaria mais aqui.

Chegou a hora de acreditarmos em finais felizes, antes que os nossos finais tristes nos consumam.