quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A fé, a essência e a poesia.

Não vou reclamar de dor. Não vou reclamar de injustiça. Não vou reclamar dos outros. Não vou reclamar da vida. Só vou reclamar dessa noite sem luar pintada em vermelho, dessa luz que não para de piscar no meu quarto, do cara insuportável que estava assoviando e eu não podia pedir para ele parar, da porcaria do chuveiro que cisma em não esquentar justo nos dias mais frios de agosto, dos detalhes da parede que vivem caindo em cima de mim enquanto eu durmo, da minha insuportável mania de despertar de repente 10:10, e da minha mania de escrever as frases e achar que ficou tudo um lixo, e apagar tudo logo depois.

Infelizmente eu sou daquelas pessoas que sempre precisa de um motivo, um sinal ou um tapa na cara (literalmente ou figurativamente) para reagir e agir. Eu não consigo melhorar, se eu não fiquei mal por um dia. Eu não consigo dar valor, enquanto eu ainda possuo algo/alguém. Eu não consigo nem ao menos escrever, sem o maldito aperto no coração.
Não estou cansada, só estou perdida. Em busca de alguma coisa que eu nem ao menos posso descrever.
Minhas queridas palavras, acolham-me. Eu preciso de vocês para continuar a seguir em frente. Vocês são meus motivos.

A morte é uma droga. Ser acordada por ela no meio da madrugada, nem se fala. Mas eu juro que eu não vou reclamar desta vez. Eu passei a minha vida inteira reclamando de alguma coisa qualquer, mas hoje eu preciso lutar contra meu ego e dizer: Eu escolhi esse caminho. Agora tenho que aguentar as consequências.
É chegada a hora de encarar o quarto escuro, e mesmo assim conseguir dormir.

Eu não vou sequer editar esse texto. Não me importo se essas palavras transpiram uma certa magia, ou uma boa gramática. Eu não sou a personagem dramática, em que eu me pinto. Não sou complexa, e muito menos bipolar. A minha intensidade se escassa, e as minhas qualidades e defeitos não serão tão pré-julgados facilmente.
Eu sou Karina Agnês, e além dos dados estatísticos, adjetivos, documentos e datas, eu sou uma história, sou um motivo, sou uma palavra, sou uma alma, sou uma lua. Sou o meu amor refletido aos olhos do universo.
Nada mais, nada menos. Sou apenas um nome e algumas características.

Vou continuar a escrever, e tentar salvar a mim mesma dos problemas que eu crio. Meu imaginário vai continuar a lutar contra minha realidade, e continuará a perder. Eu vou continuar correndo atrás de alguma coisa, e nunca vou ficar satisfeita. Vou continuar a me importar com que os outros pensam sobre mim, e vou sempre me arrepender disso. Vou continuar a decepcionar pessoas que eu amo, e sorrir para pessoas em que eu não faço a mínima questão. Vou continuar contando segredos à desconhecidos, e me escondendo da verdade. Vou continuar desejando sempre melhorar, mas nunca me arriscando completamente. E principalmente, apesar de tudo que eu tenha passado até aqui, ou do que eu ainda irei passar, eu vou continuar respirando e tocando a vida pra frente.


"Eu vou sofrer por dias e noites de solidão, vou perder os brilhos dos meus olhos. Meu cabelo irá cair. Eu não vou conseguir mais dormir, meus dentes azedarão. Irão brotar varizes nas minhas pernas. Eu vou sentir ânsia de chão."

Filme: Nome Próprio.

Agora, eu dou adeus à quem quer que eu tenha sido um dia.
Embora essa minha atitude seja um pouco tardia.
Brilho esperança, choro perdas, transbordo alegria.
Afinal, amanhã ainda vai ser outro dia.
E em mim ainda mora a fé, a essência e a poesia.

Karina Agnês

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Conjugue-me

Ainda ouço o pulsar do coração. Ainda observo o céu. Ainda creio que tudo pode ser muito melhor.
Mas por favor me explique, quando foi que tudo mudou? Sinto saudade de mim mesma. Sinto vontade de me puxar pelos cabelos, me tirar do passado e me trazer para o presente. Onde está aquela força estranha que me dava luz, em meio à tantas almas cinzentas andando sem rumo por aí?
Agora é meia-noite, tudo é breu, silêncio e solidão. Há uma luz na minha janela, que me arrasta para meu subconsciente e me tira o fôlego. A lua tão linda, tão minha, me traz um preenchimento. Me lembra de como é ser eu mesma.
Me escreva em pontilhadas estrelas, me descreva em desenhadas palavras. Pinte minha saudade, borde minha dor. Lave  minha esperança, sopre meu amor.
Devolva-me, resgate-me, preencha-me, conjugue-me.
Pouse em meus braços e me traga à vida. É tudo o que eu peço.

Karina Agnês