quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Palavras gritantes

Desculpe. Sou fraca. Estou aqui de novo.
Precisava de colo.

Não sei se vou aguentar tamanha dor...
É uma solidão desesperadora, mesclada com uma sensação horrível de impotência.
Eu me sinto perdida.
Mas perdida em mim mesma.
Para onde foram meus valores? Meu amores? Minhas antigas dores?
Não sinto mais minha alma aqui dentro. É somente um monte de ossos chacoalhando por aí.
Todos ouvem meus gritos e preces, mas ninguém consegue me entender. Como se eu falasse em um idioma particular, e nada mais fizesse sentido nesse universo paralelo.
Cansei da pressão.
Cansei do sorriso bajulador.
Cansei de acordar toda manhã nesse pesadelo.

Descobri que sem amor eu não existiria. Sem os poucos gatos pingados que me carregam no coração, eu já teria evaporado feito água.
Falta, saudade, nostalgia são palavras de fraco impacto comparado ao que se passa aqui dentro.

As palavras não são nada. Todas elas foram escritas para serem apagas e esquecidas.
Então onde está o sentido de tudo isso?
Para que tanta miséria?

Nada mais emociona. Não há mais nem uma linha que me prenda à sanidade.
Dor demais entorpece, emburrece, enlouquece.
E não sobra mais nada além de uma distração barata, uma mentalidade chula de fala corriqueira.

Nunca serei suficiente à nada, muito menos à sua piedade...
Mas eu te imploro:
Me deseje forças e me dê um beijo de boa noite.
É tudo o que preciso para continuar a rastejar por aí feito zumbí.

(Ps: Como essas palavras são barulhentas demais e fazem sentido de menos, para entrarem no cantinho silencioso da Palavra Muda, o bom filho bipolar à casa torna.)

sábado, 27 de abril de 2013

A Palavra Muda

Olá!
Não sei exatamente por onde começar, (aliás não sei nem com quem estou falando). Mas já é a milésima vez que eu venho cavucar esse blog, a procura de... do que mesmo?
E dessa vez não resisti, tive que escrever alguma coisa. Talvez eu me arrependa e apague, mas quem se importa?
Senti uma saudade danada daqui! De toda essa bipolaridade, de todos esses textos que estão carregados de diferentes fases da minha curta existência.Sabe aqueles momentos em que você revira seu baú velho e acha seus brinquedos, e só por uma horinha tenta voltar a ser criança?
Eu sei que estou exagerando um pouco em termos de tempo (admito que sempre faço isso), afinal não faz nem um ano que eu guardei esse blog no meu baú. Mas tanta coisa mudou! E é inexplicável a falta que este blog me faz. Sim, tenho o meu novo blog, e estamos nos dando bem e tal. Mas todos concordamos que eu sou uma pessoa regada a um bom caldo de nostalgia.

Sinto falta da menina reclamona de 2009. Sinto falta da menina sonhadora de 2010. Sinto falta da menina filosófica de 2011. Sinto falta da menina contraditória de 2012. E às vezes é muito bom rever as velhas amigas, dar uma passadinha e dizer um "olá".
Deixe-me explicar então como é a menina de 2013: ela é perdida. Perdida em meio a tantas palavras, países, rostos e melodias. E de vez em quando ela precisa se reencontrar em velhos baús. Rever antigos amores, sentir as velhas cicatrizes sangrarem um pouco, recontar histórias e dobrar esquinas já dobradas em outros mapas. Para somente então, achar-se em si.

Meu primeiro post do novo blog contém a frase: "Eu saí a procura de sentir alguma coisa, e então percebi que procurava sentir a mim mesma." E é essa a história que eu estou escrevendo para a menina de 2013. O reencontro em si mesma. Claro que as reclamações, sonhos, filosofias e contradições continuam as mesmas, mas agora com um toque de "o que é mesmo que se passa?".
Se quiser fazer uma visitinha, tomar um café, comer um bolo, lembrar dos velhos tempos... Fique a vontade! Ela é um pouco tímida e só fala em códigos, mas ainda assim, eu admito que temos muito o que aprender com ela. Então vá lá, puxe uma cadeira e escute as palavras mudas que ela tem para dizer.

http://apalavramuda.wordpress.com/

E então, até breve.

domingo, 22 de julho de 2012

Sentir

"Vamos embora logo, não tenho nada pra levar. A não ser nosso destino."
Leo Cavalcanti

Provavelmente este será o último post desse blog. Bom, deixe-me frisar o "provavelmente", porque as vezes minhas ideias se confundem, e aí já viu né.
Antes de tudo eu queria esclarecer algumas coisas... Não é porque eu vou parar de escrever aqui, que eu tenha resolvido minha vida, pelo contrário. Meu quarto continua uma bagunça, eu continuo contradizendo minhas ideias e ideologias, continuo não sendo muito boa em expressar sentimentos, continuo tropeçando e deixando marcas roxas pelo corpo, continuo comendo para tentar preencher um vazio que vai além do estômago, e continuo conversando com o céu no meio da madrugada. Mas alguma coisa mudou em mim. Talvez eu tenha entendido o quanto é bom viver os dois lados. O quanto é bom se contradizer, e experimentar tudo do bom e do ruim. "Sentir" é a palavra correta pra definir o porquê da nossa existência. Perder e ganhar deixa de ser relevante quando não se sente mais nada. E é isso que me motivou a deixar de escrever aqui.
Esse blog está carregado de sentimento em cada linha que eu escrevi. Como se fosse uma nuvem cheia de letrinhas. E agora, meu caro leitor, chegou a hora de chover e de transformar todo esse sentimento carregado, em água. Explicando de um jeito mais fácil, é como se fosse uma camiseta que a gente adora, onde de repente você veste e vê que ela já não te serve mais. Não é que a gente não goste mais da camiseta, é só que a gente precisa de uma camiseta nova em um número maior.
E eu preciso disso. Não só na questão de escrever, mas sim em todas as questões da minha vida. Eu preciso aceitar o fato de que certas coisas não me cabem mais, e começar a procurar o que me completa. Procurar o que me faz sentir.
Há vários dias venho tentando expressar o que tenho vivido e os sentimentos que tenho sentido. E de uma forma estranha, eu não consegui. Então eu pensei: Não é que eu não esteja vivendo, porque eu estou. Não é porque não há nenhum sentimento, por que há, e muitos. Um turbilhão de sentimentos que parecem que vão explodir à cada minuto. Eu só devo estar me expressando da forma errada. Vai ver que escrever sobre o que eu sinto, não me complete mais. Quem sabe então eu possa fazer um bolo? Ou pintar a parede? Ou aprender a cantar mantras? Seilá, qualquer coisa que me faça sentir é válido. Eu só quero deixar minha marca no universo. Uma forma de fazer alguém me ouvir, seja um amigo, seja um estranho, seja meu gato, ou seja Deus.
E para sentir é necessário agir. Tudo depende apenas do querer, do poder e do precisar. Eu quero, eu posso e eu preciso sentir que estou viva. E mudando pequenos detalhes de lugar, arrumando todas as gavetas passadas, tirando o pó de velhos assuntos esquecidos, a gente consegue dar um jeitinho nas coisas. Guardando somente o necessário, não mais do que o que ficou de bom. Porque as mágoas só empoleiram nossos sapatos.
Queria deixar claro o tamanho dos meus sentimentos que me impedem de agir, e do apego às coisas que eu vou ter que deixar para trás. Não é nada fácil. A gente se acostuma com a rotina, e se alimenta de tristeza. Levantar da cama nesses casos, é uma árdua tarefa que eu ainda tenho que enfrentar todos os dias.
Mas se tem uma coisa que também mudou na minha evolução como ser, durante o período desse blog, foi a minha fé. Minha fé em Deus, minha fé no amor, minha fé nas pessoas, e minha fé em mim mesma. Apesar de estar saindo machucada em vários aspectos, agora eu creio que existe sim, esse lado onde as coisas deixam de parecer surreais. Onde tudo para, só para você ser feliz.
Hoje uma pessoa que eu só conheço de "oi tudo bem" olhou pra mim do nada e me disse "Quer felicidade Karina? Olhe para o que é real." E isso me caiu como uma bomba, que desmoronou todos os meus dogmas, e abriu meu coração. Isso me fez sentir. De novo.
E agora eu me sinto mais que pronta para colocar o último ponto final em várias coisas da minha vida, inclusive neste blog. Não vou parar de escrever, jamais. Só quero um jeito mais adequado de ordenar meus pensamentos, e nada como um blog novo, cheirando a tinta fresca, para estimular a imaginação. E não, a pessoa bipolar não morreu dentro de mim, ela continua aqui com suas várias facetas e dramas, que estimulam minha troca de humor repentina. Ela só está mais pensativa, mais calma, mais observadora. Percebendo que a alegria eufórica e a tristeza profunda se completam, e a deixam muito mais equilibrada para seguir em frente.

Meu caro leitor (ou talvez ninguém), muito obrigada por compartilhar comigo cada sentimento momentâneo, e cada momento sentido. Aqui ficará guardada para sempre o âmago da vida de uma Pessoa Bipolar.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Mas fiquei calado

Estação de trem Palmeiras Barra Funda, um dos maiores lugares de aglomeração em horário de pico. Sendo mais especifico eram exatamente 18 horas. Tanta gente voltando do trabalho, todos loucos pra chegar em casa e esticar as pernas no sofá, comer arroz feijão e bife e assistir a novela das 9. Ansiosos eles correm, e correm e correm. Não sei porque tanto correm, mas enfim. A multidão apressadinha se espreme para entrar em cada trem que chega, e estressados pela rotina de dormir menos de 6 horas por noite, acabam perdendo o controle em certas situações, empurrando os outros, ou xingando quem os empurra. A culpa sempre é do outro não é mesmo? Mas vamos ao foco da história. São Paulo é uma cidade conhecida pela diversidade, e numa cidade assim podemos encontrar certas figuras, por assim dizer, um pouco peculiares. Nessa mesma estação encontrava-se um rapaz com seus vinte e poucos, que carregava três balões. Um com a letra S, outro com a letra L e um balão somente amarelo. O rapaz andava engraçado, cheio de pose. Sem contar que usava um bigode a lá anos 50. Senti vontade de me aproximar e perguntar para onde ia com aqueles balões, e se tinha certeza de que os balões iriam sobreviver à aquele trem lotado, e o porquê daquele bigodinho esquisito. Mas fiquei calado. Logo atrás do rapaz vinha uma quarentona, muito bem conservada. E a cada passo que dava, um homem virava a cabeça para dar "aquela olhada". Ela estava de salto, saia preta e uma bela blusa que não indicava que aquela mulher andava de trem. Mas tinha alguma coisa errada com aquela mulher, ela estava usando óculos escuros, e já havia escurecido, fora que hoje nem havia feito sol. Cega ela não poderia ser, andava confiante demais. Tive vontade de perguntar se usava óculos apenas por moda, ou se havia chorado e ficado com os olhos vermelhos, ou até se tinha fumado uma marola e precisava disfarçar. Mas vai que ela se sente ofendida. Fiquei calado. Um novo trem chegou na estação, e mais uma manada de gente correu para dentro dele como se fosse um trem com destino ao céu. No meio disso avistei uma menina, que devia ter no máximo 13 anos. A pobresinha estava chorando, mas não chorava mais como criança, chorava como moça. Com um jeitinho calado, limpava com a manga da blusa as lágrimas que escorriam sem parar pelo seu rosto. Pensei em perguntar se estava perdida, ou se havia se machucado, ou poderia estar apenas triste. Muitas pessoas choram apenas pela tristeza de não terem o porquê chorar. Mas fiquei calado. Vai que ela comece a chorar mais ainda. Estava ficando cansado de ficar ali em pé, os anos não foram muito gentis com a minha coluna. E logo a estação já estaria vazia, o horário de pico já havia passado, então caminhei até a escada rolante, e enquanto isso, vi o trem das 20 horas partir. Quando saí da estação, vi que o jornaleiro que tem uma banca em frente da estação, me encarava. Acenei com a cabeça por educação, mas fiquei confuso, nunca havia conversado com aquele homem, nem ao menos tinha comprado um jornal ou um bilhete do jogo do bicho. Continuei a caminhar, mas quando estava quase deixando a banca de jornal para trás, o homem falou "O senhor passa sempre por aqui neste horário, e quando entro na estação, noto que o senhor fica sempre parado no mesmo lugar, sempre calado e tão observador. Me perguntava se o senhor esperava alguém, ou se o senhor era algum tipo de pedófilo, ou só se gostava de trens. Fiquei sempre calado, óbvio. O senhor iria me achar um louco, como deve estar achando agora. Mas desculpe-me, a curiosidade foi maior." Enquanto o jornaleiro falava, parei e o analisei. Devia ter uns 50 anos, usava aliança, vestia-se como um pai de família deve se vestir. Tinha alguma olheiras, e carregava um exemplar de Jorge Amado nas mãos. Aparentava ser um bom homem. Mas que história era aquela de ficar reparando nas pessoas, e ainda por cima fazendo perguntas indiscretas? Após ver que eu não iria dizer nada diante daquele comentário que fizera, ele insistiu: "E então senhor, por que o senhor todos os dias vem a estação e fica somente parado, olhando para a multidão?" Por fim respondi o jornaleiro: "Ora... mas que audácia do senhor, senhor jornaleiro! Todos tem o direito de vir à estação, seja lá qual for o motivo. Uns vem para trabalhar vendendo bala, a maioria vem somente para pegar o trem e irem aos seus respectivos destinos, outros vem somente para usar o banheiro, vi gente até que vem para roubar. Eu gosto de observar. Venho então, para observar. Mas que audácia!" Vê se eu posso com isso? Fiquei com vontade de perguntar porque o jornaleiro era tão indiscreto, será que sua vida não era interessante o bastante, ou será tinha alguma doença que o fazia falar tudo que pensa, ou até se era escritor e precisava de boas histórias para escrever. Mas aí fiquei calado. Vai que eu pego essa mania de indiscrição... ficar observando as pessoas que passam vá lá, mas xeretar a vida delas, aí já é demais. Mas isso tem um motivo, como eu disse, São Paulo é uma cidade que podemos encontrar certas figuras, por assim dizer, um pouco peculiares.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Para a satisfação de todos, uma pequena degustação da minha dor

É tão real essa dor uivando no ouvido da alma, tão palpável essa sensação de incredulidade. Uma doença irremediável. Como se esse aperto aqui no peito fosse me sufocando aos poucos. Como se a qualquer momento esse aperto vá me arrancar uma lágrima dos olhos. Como se o ar não fosse mais suficiente, como se as possibilidades não fossem aceitáveis. Como se ter você fosse a última alternativa de ter um solo seguro onde ficar. Como se a saída de emergência na cabine do avião não fosse mais necessária, porque agora todos os passageiros já estão mortos.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Desesperança

É fato que a covardia só existe a custo de uma súbita coragem de ser covarde. Que a fraqueza existe apenas  pela tentativa frustrada de ser forte. Que a luz não seria nada sem a escuridão. E até mesmo o próprio "nada" existe apenas por uma inexistência do tudo.
Então se tudo tem um porquê, se tudo se resolve tão fácil em poucas linhas, por que o ser humano ainda insiste em dar contínuas cabeçadas na parede, procurando uma resposta que já foi explicada? Fácil, porque tudo na teoria é mais simples. O viver, o sentir, sempre será a etapa mais dolorosa e complicada de nossas curtas existências.
Sentir-se covarde por ser fraco, e não enxergar nada além de escuridão em seu coração vazio, é existir.
Pois isso dói. E é a prova mais concreta de que estamos vivos, e de que somos fortes e corajosos apenas por enfrentar essa dor. Sentir é existir.
E nos casos mais graves de ausência de existência, podemos recorrer ao elo que nos une e nos move rumo ao desconhecido. Pois a desesperança é o caminho até Deus.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Nossos Detalhes

No dia mais bonito, a grama. Na banda mais bonita, nossa música. No filme mais bonito, teu sofá. Nos olhos claros mais bonitos, meu amor.
Minha frieza, teu coração machucado, duas realidades impossíveis de brotar um novo amor. Minha esperança cega, tua incredulidade em ti mesmo, ainda assim insistimos em não desistirmos. Minha entrega sem palavras ao amor, teu jeito bobo de entregar teu coração em minha mão. Meu cabelo, teus ossos, pequenos incômodos atribuídos apenas por quem sente. Meu silêncio repentino, tua compulsividade por falar. Meu castelo onde brinco de viver, tua muralha em que escondes tuas lágrimas, agora um ao lado do outro. Minhas músicas, tuas piadas. O nome de meu pai, tua imbecilidade no ano anterior, duas ironias do destino. Minha completa confusão, teu jeito alvoroçado de esperar por minha decisão. Meu um metro e cinquenta, teu um metro e oitenta. Minhas perdas inesperadas, tua experiência de quase-morte. Minha mão sempre quente, tua mão sempre gélida, agora as duas juntas a ficarem mornas. Meu amor tímido e sempre guardado, teu amor sem-vergonha e sempre escancarado. Meus problemas complicados, tua vida difícil, um usando o outro como motivo para sorrir. Minha mordida em teus lábios, teus cabelos bagunçados em meus dedos. Minhas mentiras (nem sempre bem-sucedidas) para fugir contigo, tuas noites passadas no sereno e no frio para falar comigo, e tudo mesmo assim valeu a pena. Minha amiga perdida, teu celular roubado.Minha maneira de deixar a vida me guiar, tua mania minuciosa de se preocupar com tudo. Meu jeito de surpreender, teu jeito de me superar, me surpreendendo mais ainda. Meu sussurro perguntando se tu está feliz, teu grito pedindo a música "se eu corro". Meu sorriso pro nada, teu olhar fixo em mim, os dois pelo mesmo motivo. Meu Cleber, tua Karina.
Nossos detalhes. Nossa vida. Nosso amor.