sexta-feira, 22 de junho de 2012

Para a satisfação de todos, uma pequena degustação da minha dor

É tão real essa dor uivando no ouvido da alma, tão palpável essa sensação de incredulidade. Uma doença irremediável. Como se esse aperto aqui no peito fosse me sufocando aos poucos. Como se a qualquer momento esse aperto vá me arrancar uma lágrima dos olhos. Como se o ar não fosse mais suficiente, como se as possibilidades não fossem aceitáveis. Como se ter você fosse a última alternativa de ter um solo seguro onde ficar. Como se a saída de emergência na cabine do avião não fosse mais necessária, porque agora todos os passageiros já estão mortos.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Desesperança

É fato que a covardia só existe a custo de uma súbita coragem de ser covarde. Que a fraqueza existe apenas  pela tentativa frustrada de ser forte. Que a luz não seria nada sem a escuridão. E até mesmo o próprio "nada" existe apenas por uma inexistência do tudo.
Então se tudo tem um porquê, se tudo se resolve tão fácil em poucas linhas, por que o ser humano ainda insiste em dar contínuas cabeçadas na parede, procurando uma resposta que já foi explicada? Fácil, porque tudo na teoria é mais simples. O viver, o sentir, sempre será a etapa mais dolorosa e complicada de nossas curtas existências.
Sentir-se covarde por ser fraco, e não enxergar nada além de escuridão em seu coração vazio, é existir.
Pois isso dói. E é a prova mais concreta de que estamos vivos, e de que somos fortes e corajosos apenas por enfrentar essa dor. Sentir é existir.
E nos casos mais graves de ausência de existência, podemos recorrer ao elo que nos une e nos move rumo ao desconhecido. Pois a desesperança é o caminho até Deus.