Não no sentido estar sozinha, até porque tenho várias pessoas ao meu lado.
Mas no sentido Ser mesmo.
Vamos encarar os fatos.
Eu cresci sozinha, não tive nenhum amigo verdadeiro na minha infância, não saía para canto nenhum, e na escola, tinha apenas colegas.
Cresci falando sozinha em meu quarto, com meus brinquedos, montando literalmente meu mundo.
Nas minhas brincadeiras eu fingia que meu quarto era uma cidade, em que eu era a dona, e todos meus brinquedos tinham suas famílias e casas, onde eu criava conflitos para eles, mas não participava, só chegava no final para resolver as histórias, pois eu via e ouvia tudo, como se estivesse vendo um filme que eu mesma criava.
Muito confuso, eu sei.
Porém minha infância inteira foi assim, fora as vezes que eu começava a dar um show particular para as paredes, brincava com a minha gata de pega-pega, e falava muito, mas muito sozinha.
Enfim... eu acabei me acostumando neste meu universo.
Quando encontrei minhas verdadeiras amigas, descobri que havia um outro mundo, além do que eu inventara, e pensei que era fácil fazer parte deste mundo, então eu a partir dali havia me integrado neste mundo novo.
Grande ilusão.
Eu em meus momentos mais "mundanos", sempre estive presa no meu "país das maravilhas".
Mas isso nunca afetou em nada, eu sabia muito bem diferenciar esses dois mundos.
Isso mesmo... sabia...
De uns tempos pra cá, eu venho me restringindo demais, isso não é ruim. É bom, eu me entendo muito melhor sozinha, sou uma pessoa bem diferente da que costumo ser com outras pessoas do lado.
Só que isso vem afetando cada vez mais minha relação com as "pessoas do mundo real", eu não tenho a mínima vontade de olhar pra elas, quanto mais conversar. Para participar da minha vida precisa ter um cartão vip, se não eu fuzilo com os olhos.
Quando ando no meio da multidão, me sinto mal, sinto como se eu não fizesse parte daquele lugar. Será que estou com agorafobia?
É a única explicação... ou não.
Ou talvez, não seja necessário explicação, talvez seja só coisa da minha cabeça.
Aah não, "A bipolar" ataca de novo....
Minha única certeza é que eu gosto de estar sozinha.
A solidão me faz bem, a escuridão também.
Karina Agnês