segunda-feira, 26 de abril de 2010

Agorafobia?

Talvez eu seja sozinha...
Não no sentido estar sozinha, até porque tenho várias pessoas ao meu lado.
Mas no sentido Ser mesmo.

Vamos encarar os fatos.
Eu cresci sozinha, não tive nenhum amigo verdadeiro na minha infância, não saía para canto nenhum, e na escola, tinha apenas colegas.
Cresci falando sozinha em meu quarto, com meus brinquedos, montando literalmente meu mundo.
Nas minhas brincadeiras eu fingia que meu quarto era uma cidade, em que eu era a dona, e todos meus brinquedos tinham suas famílias e casas, onde eu criava conflitos para eles, mas não participava, só chegava no final para resolver as histórias, pois eu via e ouvia tudo, como se estivesse vendo um filme que eu mesma criava.
Muito confuso, eu sei.
Porém minha infância inteira foi assim, fora as vezes que eu começava a dar um show particular para as paredes, brincava com a minha gata de pega-pega, e falava muito, mas muito sozinha.

Enfim... eu acabei me acostumando neste meu universo.
Quando encontrei minhas verdadeiras amigas, descobri que havia um outro mundo, além do que eu inventara, e pensei que era fácil fazer parte deste mundo, então eu a partir dali havia me integrado neste mundo novo.
Grande ilusão.

Eu em meus momentos mais "mundanos", sempre estive presa no meu "país das maravilhas".
Mas isso nunca afetou em nada, eu sabia muito bem diferenciar esses dois mundos.
Isso mesmo... sabia...
De uns tempos pra cá, eu venho me restringindo demais, isso não é ruim. É bom, eu me entendo muito melhor sozinha, sou uma pessoa bem diferente da que costumo ser com outras pessoas do lado.
Só que isso vem afetando cada vez mais minha relação com as "pessoas do mundo real", eu não tenho a mínima vontade de olhar pra elas, quanto mais conversar. Para participar da minha vida precisa ter um cartão vip, se não eu fuzilo com os olhos.
Quando ando no meio da multidão, me sinto mal, sinto como se eu não fizesse parte daquele lugar. Será que estou com agorafobia?
É a única explicação... ou não.
Ou talvez, não seja necessário explicação, talvez seja só coisa da minha cabeça.
Aah não, "A bipolar" ataca de novo....

Minha única certeza é que eu gosto de estar sozinha.
A solidão me faz bem, a escuridão também.


Karina Agnês

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Vida, morte, destino

Vida.
Quando caímos na vida, temos sempre a chance de levantar.
Quando perdemos na vida, temos sempre a chance de vencer.
E quando perdemos a vida?
Não temos nada!
Além de lágrimas angustiadas dos nossos verdadeiros amigos.
A vida é tão cruel, sempre nos dá chances de recomeçar quando estamos para baixo, mas quando realmente precisamos de uma segunda chance, ela simplesmente nos nega.

Morte.
O que é a morte? o que é morrer?
Como pode uma pessoa estar alí e um segundo depois ter viajado para uma outra dimensão?
Eu não sei.
Uma coisa é fato, a morte é certeira. Ela combina com o destino de nos pregar uma peça, e fazer uma surpresa em uma hora totalmente inesperada, e BUM! Você é só um corpo mole, gelado e sem vida.

Destino.
Maldito destino, traça suas linhas traiçoeiras e não tem coisa qualquer que o faça desistir de seus objetivos. Agente para pra pensar e vê como tudo é tão meticuloso, esquemático e perfeito. O que é pra ser, será e ponto final.

E quando o destino nos leva nossos amores... dói, ai, dói demais.
Ficamos sem rumo, angústia no peito, e lágrimas nos olhos, parece que nos falta chão.
Como acreditar? Como continuar? Como voltar?
É só o que pensamos.
Mas de repente cai a ficha, nunca mais teremos a chance de ver, tocar, falar, abraçar a pessoa amada.
E aos poucos, acredite, vamos aprendendo a conviver com essa cicatriz que nunca irá se fechar.


Vida, morte, destino... são coisas irrelevantes, pois no final quem sempre vence é o amor.


Dedicado à: Gordinho, o gato mais lindo que já existiu.

Karina Agnês

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Pesadelo

E mais uma vez me encontro no fundo do poço.
Preciso tomar cuidado antes que minhas próprias lágrimas me afoguem neste lugar escuro e sombrio. Eu só queria alcançar aquela luz lá no alto, tão distante de onde me encontro.
Aqui é tão terrível, ninguém por perto, só eu mesma cercada de paredes e escuridão. Medo, pavor, claustrofobia. Me pergunto: "Quando será que vou acordar deste pesadelo?"

Eu tento, eu juro que tento, me esforço ao máximo para subir, com as minhas próprias garras, minha própria força, é tão difícil, tão cansativo, mas a cada centímetro, eu fico mais e mais perto da luz.
Quando de repente algo me provoca, me atiça, me perturba, ou simplesmente me empurra de uma vez... E lá vou eu para o fundo do poço, voltar a chorar, e morrer aos poucos.

Eu só queria sair, voar, conseguir chegar ao topo e sair correndo pela grama verde, toca-la e sentir o orvalho da chuva passada, e ao olhar para o céu poder ver o arco-íris formando um casal perfeito junto com o céu cor de anil. E finalmente sentar na ponta do poço, olhar para baixo e pensar "Eu superei, eu consegui, eu cheguei no paraíso, no mundo das maravilhas, na terra do nunca, ou como quiser chamar. Eu venci a escuridão, eu venci meu medo, eu venci minha tristeza, eu venci!"
E é esse desejo, essa esperança que volta a arder no meu peito e me faz tentar outra vez, me faz voltar a subir.
Um dia eu sei que vou chegar lá, só espero que já não seja tarde demais.


Karina Agnês