quarta-feira, 25 de maio de 2011

Mertiolate

Hoje eu entendo porque quando eu ralo o joelho, não choro mais como à 10 anos atrás. Não é porque não dói,  é porque já senti coisas que doem muito mais.
Isso se chama amadurecer.
Dor. Eu sinto tanta dor. Externa, e principalmente interna. Mas eu aguento, tenho que aguentar! Já caí por coisas bem piores, já ralei meu coração, já me afoguei em dor, e no entanto estou aqui, forte e satisfeita com minhas próprias decisões.
É só isso que temos que fazer, fingir que está tudo bem, até tudo realmente estar bem.
Porque a vida mantém um movimento uniforme. Nunca haverá como dar um passo atrás. Veja! Há tantas direções disponíveis! Eu sei que as coisas tem tudo para dar errado, porque elas realmente vão dar errado, mas do jeito mais certo possível.
Agora vou segurar minhas lágrimas, levantar a cabeça, passar mertiolate na ferida, e voltar a brincar de gente grande.

Karina Agnês

Convicção ou negação

Lugares e fases correm, e minhas mãos inquietas se retorcem. Com olhar longe, e a cabeça tombada no travesseiro, tudo é distante, tudo em um instante... A pura busca do querer, se atrofia em nossas próprias cordas vocais sem som, em nossas próprias pernas sem movimento e em nossa própria vida sem história.

Ter e sentir, são coisas distintas. Senti tanto, algo que nem tive. E tenho tanto, algo que nem sinto.
Sentir... Algo tão simples, tão efusivo, tão automático. Um extremo de convicção ou negação.
Então me diga o que é pior: A angústia de um amor inacabado, ou a incerteza de um amor não vivido? Ou diga-me o que é melhor: o perdão perdoado, ou o ato nunca existido?

Hoje eu posso sentir. Hoje eu posso ter.
Me falta apenas o querer.

Karina Agnês

domingo, 1 de maio de 2011

Filme

Um pressentimento: Vai acontecer alguma coisa.
Um sentimento: Medo.

O que eu sinto eu não sei. Tudo me leva a crer que algo irá acontecer.
As coisas tem tomado um caminho melhor do que eu esperava. Tudo tem seguido a diante naturalmente, o que me assusta um pouco. Tudo parece tão distante, como se o que eu vivesse agora, fosse apenas um filme passado rapidamente em minha mente. Não há tempo, não há oportunidade.
Eu sinto, mas não expresso. Eu vejo, mas não enxergo. Eu vivo, mas não reajo.
O meu medo é que as coisas aconteçam, sem eu perceber. Ou melhor, o meu medo é somente que as coisas aconteçam. Não quero avançar, eu quero que as coisas parem por aqui. Porque eu sei que se eu avançar, eu vou perder. De uma forma ou de outra eu vou perder.
Não suporto mais os sentimentos de saudade e medo. Ter saudade do passado, e medo do futuro vá-lá, mas ter saudade e medo do presente é insuportável para mim.
O fato é: Algo irá acontecer de qualquer forma. E eu não quero mais pensar nisso. Deixe que o filme continue a correr pela minha mente depressa, antes que eu me arrependa.

Karina Agnês