Em pé, até mesmo com lugares vagos. Cheia de problemas na cabeça, sem resoluções previstas.
E então, eu me rendi, e desmoronei.
As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, como se aquilo fosse natural. Meu coração gritando, meus dentes cerrados, e meus lábios fechados.
Como a vida poderia ser tão injusta assim comigo? Olhe a minha situação!
Naquele momento, senti o amargo gosto do ódio, que porcaria de vida era essa?
Ninguém poderia sentir mais dor, no fundo da alma, do que eu naquele momento.
Seria mesmo?
E então olhei a minha volta.
Será que todas aquelas pessoas, são felizes? Será que todas elas naquele momento estão bem? Como eu poderia saber, se seus corações não estavam sangrando também?
Logo a minha frente, havia um gari, com seu uniforme laranja, provavelmente voltando para casa. Aparentava uns 60 e poucos anos. Observei suas rugas, e pensei: "Será que era isso que ele esperava para o seu futuro, quando tinha minha idade? Será que ele gostava de trabalhar como gari, ou seria a pura necessidade?"
Provavelmente, as respostas não seriam muito positivas.
Nele eu vi um ser humano. Como deveria ver todas as outras pessoas.
Um ser humano com dores, amores, histórias, sonhos...
Ele sentado no seu canto, sem dizer uma palavra, e nem ao menos uma troca de olhares, me ensinou muito mais, do que muitos professores que ja tive. Me ensinou a deixar de ser egocêntrica, e a olhar para os outros. Afinal eu não sou o centro do mundo. Não sou o problema de tudo e de todos, não sou só eu que sofro, não sou só eu que choro. Não existe apenas eu, neste mundo.
As coisas não são, e não devem ser do jeito que eu quero. As coisas são, do jeito que elas devem ser.
Ok, tudo isso eu já sabia de cor e salteado. Mas nunca havia sentido tão intensamente. E isso me fez abrir os olhos.
Eu gostaria que todos, apenas por um momento, parassem um pouquinho suas vidas agitadas, e pensassem um pouco nos outros. Assim, o mundo teria uma chance, de ser diferente.
Mas hoje em dia, se vê um ser humano desconhecido, apenas como um copo descartável.
Hoje saí um pouco do padrão dos meus textos, mas isso, esse sentimento de compaixão ao próximo, também faz parte de mim. Por de baixo desse meu jeito egoísta, ainda existe amor.
E por mais que eu não goste e não queira admitir, eu não sou o centro do mundo. Talvez apenas do meu mundo.
Mas há muito mais mundos, além do que eu imagino e enxergo.
Karina Agnês