terça-feira, 8 de novembro de 2011

Personagem de História em Quadrinhos

Posso ou não, ter marcado em meu peito tua ausência presente?
01:10 marcava o relógio, e o último maço de cigarro ia embora. Fazem anos deis de sua partida, e eu ainda parada na janela lembrando dos dias de chuva em que você me fazia um nescau com leite. E agora só me resta ficar emaranhada num café amargo, cheio de mágoas cristalizadas. Não pergunto mais "Por quê?",  nem falo mais "E se...", não, agora é pior. Me contorço em duas e me faço pensar que você está aqui. Que toda minha perseguição, teve finalmente seu lucro no final. Que agora quem treme por medo de ficar só, é você. Que eu te abraço e te falo "Eu não vou sair daqui, enquanto você respirar". Mas a verdade, é que você não respira, nunca respirou. Que mesmo em tua presença, o meu amor sempre foi entregado à uma singela ilusão, à um personagem de histórias em quadrinhos dentro da minha cabeça. Um super-herói que eu pintei e despintei com meus próprios dedos. E que na hora em que eu estava prestes a desabar, só por descobrir que eu não podia te tocar, você segurava minhas lágrimas e soprava uma brisa suave no meu rosto. Tenho que confessar que ainda sinto essa brisa, sinto as lágrimas presas, sinto a chuva, sinto às cinzas do cigarro caindo, sinto meus dedos calejados de tanto te desenhar, sinto a mágoa, sinto o gosto amargo do café. Mas não sinto você. Não sinto porque você não está aqui. Você nunca esteve.

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