À seis anos eu fui alertada pela primeira vez, pela minha própria mãe. Deis de cedo, eu sabia que era verdade. Mas também sabia que não iria mudar. Os anos foram passando, outras pessoas foram falando, e meu mundo foi desabando...
Já cheguei ao ponto de tentar seguir o conselho deles, e viver uma vida melhor. Mas com o tempo, acabei me tornando cética e indiferente. E prometi a mim mesma, nunca mais amar.
Hoje vivo num mundo gélido e surreal, tentando encontrar alguém com quem eu sempre possa contar, e que nunca me abandone. O que é impossível, porque ao meu redor há um enorme muro, em que ninguém pode passar, e que também me impede de sair. Esse muro eu construí com minhas próprias forças, em busca de um refúgio para o meu coração. E ele torna-se completamente visível, para quem tiver uma mera curiosidade de olhar. É um muro todo pichado de palavras que escrevo em busca de um ponto de fuga. Um modo de me salvar da solidão.
E através desse muro, eu continuo a sorrir dizendo que: "Sim, está tudo bem." E implorando por dentro, para que alguém me olhasse nos olhos e dissesse: "Não, não está tudo bem."
Aliás, pensando bem... Eu me contentaria com um abraço.
Não pretendo sair daqui tão cedo. Há muito perigo lá fora, e eu ainda não quero me arriscar.
Enquanto isso, continuo a ferir meu próprio coração, e o de quem me quer bem, apenas por não saber amar.
Tudo podia ser tão diferente, se à seis anos eu tivesse realmente escutado minha mãe dizer:
"Pare com isso Karina, você só vai se afastar das pessoas desse jeito. Um dia você vai acabar sozinha, com esse seu egoismo".
Karina Agnês
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