sábado, 21 de janeiro de 2012

1ª pessoa do singular do Pretérito Imperfeito do Indicativo do verbo querer

Eu queria cortar o cabelo. Sabe, bem curtinho mesmo. Ou até mesmo ficar loira.
Ou só usar delineador e batom vermelho daqui pra frente.
Eu queria usar óculos.
Queria sentir mais. Queria que doesse mais, ardesse mais, esquecesse mais.
Queria pintar as unhas de preto e descascar logo depois. Queria fugir de casa. Queria me apaixonar por um olhar, queria matar por alguém. Queria respirar ar puro, sentar no parque e olhar o tempo.
Queria ler, viajar, ajudar, fazer o bem. Queria foder, beber e machucar alguém.
Queria rir menos, falar menos, me preocupar menos. Queria saber não me importar. Mas ao mesmo tempo queria saber amar.
Queria sair e fingir ser quem eu não sou. Queria esfregar na cara daquele filho da puta, que hoje ele não me merece mais.
Queria expor minhas feridas e chorar. Queria auto-confiança. Queria cadarços novos.
Queria não me importar se os meus conceitos se enquadram. Queria que meus conceitos se enquadrassem.
Queria quebrar a perna. Queria ter um jardim. Queria aprender a perdoar.
Eu queria ter medo de altura, ter medo de monstros. Queria ter coragem pra ser quem eu queria ser.
Queria que as cosias se resolvessem sem a minha decisão. Queria ter uma decisão.
Queria ser mais carinhosa, meiga e sedutora. Queria não gostar do meu jeito infantil.
Queria ser magra. Queria dormir. Queria ser feliz. Queria ser menos clichê.
E acima de tudo, eu queria parar de tanto querer.

(texto escrito 15/09/11 - não postado até hoje por motivos desconhecidos)

Um comentário:

  1. A gente quer tanta coisa, né? Mas no fim, não queremos nada... Queremos não querer mesmo...

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